INSTRUÇÕES DE USO

Você está proibido de ler este blog fora de ordem! A nova ciência da tecnologia criou uma nova ditadura de formas e conteúdos e tive que fazer algumas mágicas para que as coisas apareçam na ordem certa (mas nem sempre funciona)!
Embaixo você vai poder ler as últimas partes escritas (mas só se você já leu o resto) - não me obedecer pode gerar sua expulsão desta minha doação literária! Para ajudar, olhe à sua esquerda e vai ver um índice... sabe o que fazer com ele?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Recado dos deuses

Caro Leitor, cara leitora,

Os deuses clamam por conclusividade!

Eles até que gostam de ver seus seres contemplarem as realidades e os devaneios, elaborarem teorias e filosofias que enaltecem o ser o humano e os faz crescer. Eles curtem o espírito acima da matéria, o espiritual, o lado nobre de se ser vivo.

Mas eles querem que aprendamos o porquê e o para quê de tudo isso! Eles querem conclusões, etapas seguintes, novas descobertas, novos horizontes!

Eles estão tão preocupados com este hábito humano de tecer teias ao redor de si mesmo que se reuniram e decidiram pedir que eu conversasse com você!

Não sei porque me escolheram, mas vamos lá! Pedido de deuses deve ser atendido... ainda me lembro de alguns castigos mitológicos que nos afligem até hoje...

O que eles querem dizer é que é muito importante sermos mais que máquinas em um processo evolutivo e que a gente se dedicar à alma, ao interior, ou seja lá o nome que queiramos dar, é muito bom! Eles aprovam, participam e aplaudem!

Mas o que os deixa preocupados é nossa capacidade de acreditar que exista um nirvana, ou pior ainda, que ao termos alcançado este estado, estamos com a tarefa cumprida. Eles estão cansados de ver seres humanos brilhantes atingirem níveis de consciência altíssimos e depois ficarem dando voltas ao redor de si mesmos, se chafurdando nas descobertas repetidas e na sensação de serem diferentes e mais excelsos que os demais.

Quando estes seres atingem este ponto eles se aproximam dos “inferiores” como se deuses fossem, unilateralmente, se dizendo perfeitos conhecedores da essência humana e se entristecem ao ver a distância que os separa dos demais. E os “inferiores” não conseguem mais enxergar a normalidade desses seres especiais e ora os chama de loucos ora nem liga para suas existências.

E aqui os deuses vêem dois erros crassos!

O primeiro é esses seres especiais acharem que são não “normais” e que têm o direito à distância. Na verdade esta distância é apenas medo de perder o conquistado, de se “normalizar”, de se esquecer o que é tranqüilidade de espírito. Quanto mais especial você for mais normal será! Não se distancie, não se vanglorie e principalmente não se vista de misticismo sem valor! Não invente nem siga palavras ou rótulos!

O segundo, objeto principal do recado dos deuses, é: não se contente, não se abrigue no seu círculo de conforto. Os caminhos a seguir são infinitos e todos levam a algum lugar. Se você realmente atingiu um nível que você considera especial (sem SE considerar especial), vá em frente! Conclua uma capítulo! Conclua uma vida ou um caminho!

Esta conclusividade clamada pelos deuses é fundamental! A meta não é ser especialista de alguma coisa e sim generalista de tudo e só seguindo em frente é que se consegue!

Você chegou a algum nível de conhecimento ou espiritualidade que lhe é novo? Ótimo, parabéns! E agora, vai ficar desfilando seu estado espiritual por quanto tempo?

Quando você vai virar aprendiz novamente?

Conclua, evolua, flua!

Recado dado!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Evoluções e Devaneios - Parte 02

E minha pseudo-evolução pela yoga prossegue pelas páginas de um livro. Sei que nem de leve estou tocando em verdades profundas ou trilhando caminhos certeiros, principalmente sabendo, pelo que o livro me diz, que a yoga não é contemplação e meditação e sim um misto de suor e dor, prática e sensibilidade, entendimento e busca.


Mas continuo muito interessado em aprender, primeiramente, sobre a yoga e depois, quem sabe, a própria yoga. Covardia, preguiça, comodismo? Pode ser.


Algumas frases, alguns conceitos têm me marcado bastante, alimentado meu pensar e me feito entender que há caminhos diversos a se seguir.


Começo a crer que se possa escolher qual caminho se quer seguir, de acordo com o tipo de pessoa que se é ou que se queira ser, mas isso pode ser uma simples fuga de ter que entender que há esforço na vitória. Essa crença acaba me distanciando da yoga, a vejo como algo dos outros, a se admirar e respeitar, mas só isso. 


Quem sabe mais leitura e um início de prática me mostrem quão errado eu esteja. Enquanto isso, continuemos a ler e a pensar.


E uma das frases que me intrigam, apesar de a saber certa, diz: "... a prática e a pureza da vida nos coloca `entre' as pessoas, não acima delas".


Se acreditamos que nossa elevação espiritual nos integra ao todo e esse todo inclui as pessoas, então nos colocamos entre elas e não acima delas. Se nos colocamos entre elas, isso significa que elas estão entre nós, os "elevados". Mas se estão, então também são "elevadas", o que é incoerente, já que apenas "nós" teríamos nos elevado.


Então a elevação não existe como um degrau, uma evolução, e sim como uma capacidade a mais de se enxergar e enxergar um pouco do todo, apenas tomando consciência de algo que já é. Elevar é perceber. Perceber sem praticar é não viver.


E viver com esta percepção de se fazer parte do todo é comungar sentimentos.


Então, para que elevemos, evoluamos, percebemos e praticamos, conceitos fundamentais da yoga. E ao nos elevarmos permanecemos onde estamos, não mudamos de mundos nem de universos. Então não podemos negar este universo que nos abraça ou nem dele podemos fugir.


Mas se eu acredito no Nada, como me apegar a um algo tão tangível quanto um universo? Ainda não sei dizer, mas sou todo ouvidos...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Evoluções e Devaneios

Conspirei a favor do Nada, não de uma forma inconsistente, mas acreditando que há algo de necessário em se entender um pouco além dos fatos.

 

Consegui imaginar um caminho, uma solução, que não trilhei por completo, mas que quero fazer ser verdade. Mas me encontro de frente a uma barreira, uma dificuldade de saber como continuar. Me desculpem aqueles que acreditaram nas minhas palavras e esperavam minhas diretrizes. Me ensinem aqueles que acreditaram nas minhas palavras e atingiram níveis que ainda busco.

 

Mas não imaginem que eu tenha desistido. Continuo buscando aprendizados, alguns mais levianos, outros mais sérios, mas sempre olhando ao meu redor e ao meu interior procurando ensinamentos.

 

E outro dia qualquer, num passeio de scooter por bairros calmos e divertidos perto de onde moro, um fato interessante me ocorreu. Numa rua muito calma, praticamente sem qualquer transeunte, a pé ou mobilizado, eu passeava com minha scooter querendo aprimorar meu domínio sobre ela, sem precisar, ainda, passar pelos apertos e enroscos de dominar o tráfego junto com ela.

 

E numa calçada à minha esquerda, enquanto passeava, vi uma mesa de metal, daquelas de bar, com alguns livros e uma pequena placa de "Vende-se". Diminui a velocidade mas não tinha intenção de parar. Mas alguma coisa me fez dar meia volta e entender o que estava acontecendo. Nisso, vi um moleque andando de bicicleta perto dos livros e que se interessou pela minha meia volta: era o pequeno vendedor.

 

Parei, estacionei a scooter, tirei o capacete e me aproximei da mesa, eu mesmo curioso não pelos livros mas por saber porque parei. Conversei rapidamente com o garoto e passei os olhos pelos poucos livros que estavam expostos. E um destes livros me escolheu. Era um livro sobre Yoga, novinho, provavelmente nunca tinha sido lido e ainda tinha uma dedicatória de pai para filho.

 

E um preço muito interessante: oito reais. Porque oito, talvez um dia eu entenda. Não resisti e comprei! E o garoto tinha até troco para vinte reais!

 

E tenho passado momentos muito interessantes de leitura. E quero contar aqui o que as palavras que tenho lido têm feito com meu modo de pensar. Quem sabe até consigam mudar meu modo de agir.

 

O primeiro momento de conflito resolvível é a valorização ao corpo dado pela Yoga. Se por um lado, renego o valor da matéria através da apologia ao Nada, a Yoga defende o corpo e sua existência física como o portal necessário para as outras etapas ou camadas até chegarmos à alma.

 

Para os que me conhecem, é óbvio que renego o corpo como princípio porque sempre o reneguei como meio e sempre reneguei aqueles que o veneram como fim. Nunca dei valor a qualquer cultuação do corpo e da forma física, sempre acreditando que a mente teria capacidade de dominar cada célula individualmente, chegando ao ponto de poder combater doenças "conversando" e energizando as minhas células com a força da minha mente. E ainda acredito nisso, apesar de ter tido poucos sucessos (mas tive alguns).

 

Já a Yoga, e me permitam todos declarar minha ignorância e ao mesmo tempo a petulância de falar nela, prega que a saúde do corpo é imprescindível para se avançar. Segundo a Yoga, se o corpo não estiver saudável, você não conseguirá as bases para o progresso dentro do que ela oferece como caminho.

 

E é interessante ver que a Yoga assume isso com tanta veemência que faz parte de sua prática passar por esta etapa. A Yoga se diz um caminho para tornar seu corpo mais saudável!

 

E agora sim, a Yoga pode ter ganho um momento de minha atenção! Finalmente alguém me oferece o respeito ao corpo e a necessidade da saúde como um meio de algo maior e não simplesmente uma meta de um existir.

 

Continuaremos....

 

domingo, 10 de outubro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 11 - Recapitulação

Vamos então recapitular...

Partimos da certeza de que há formas de nos desvencilharmos das amarras de alguma realidade que não nos permite viajar ao longo do tempo e do espaço. Entendemos que esta forma é através do vazio, do Nada, pois é ele que está presente em todos os lugares.

Entendemos, então, que as leis da ciência e da natureza como as conhecemos nos proíbem desta conquista pois não há, ainda, conhecimento cientifico que abranja as possibilidades do Nada. A Ciência de certa forma nega esta conquista porque ela mesma criou suas limitações e se tornou uma âncora que nos prende a uma determinada realidade. Mas, a conquista e o uso deste Nada implica em entendermos que há realidades outras onde, talvez, outras Ciências as expliquem (possivelmente negando, ao mesmo tempo, a nossa Realidade).

Então partimos para explicar que os conceitos fundamentais que usamos para entendermos o que nos cerca são falhos. Mostramos que o Tempo, o Espaço e a Matéria não são conceitos fundamentais e sim apenas interpretações visualizadas através de uma janela aberta a uma das realidades.

Tendo visto que temos pela frente um conceito novo e desconhecido da maioria que nos cercam, tentamos analisar como lidar com isso. Entendemos que conquistar o Nada não é fugir deste mundo mas sim acrescentar novos mundos e realidades ao nosso reportório. Assim, discutimos de como lidar como nossos iguais e vimos que essa parte não é difícil.

Para, então, conquistarmos os Nada, precisamos exercitar o re-aprendizado, principalmente reavaliando nossos aprendizados anteriores. E essa é a parte mais instigante; muitas borrachas têm que ser passadas por cima de conceitos e crenças para que o Nada se apresente a nós.

Quando começamos a entender que precisamos nos desvencilhar da realidade à qual estamos presos, pelo menos como entendimento de que não seja a única, passamos a entender o que nos prende tanto a ela.

E vemos que são dois conceitos básicos: a ciência, sobre a qual já conversamos, e os sentidos: o tato, o olfato, o paladar, a visão, a audição e o pensar. E nos dedicamos a "destruir" cada um deles no que se refere a serem absolutos, a serem utilizados como referência.

Como a Realidade e a Verdade são conceitos que se entrelaçam, ao negar a Realidade como única, como alicerce de construção para uma vida, negamos também a Verdade como sendo alguma coisa na qual podemos nos basear.

E chegamos ao ponto onde as portas para o Nada se apresentam: acreditamos na sua existência, sabemos que permeia os universos, sabemos o que nos afasta dele e temos uma tênue ideia do que ele é.

O Nada é o caminho necessário entre todos os tempos e espaços que nos mostra nossa perpetualidade e individualidade .

sábado, 2 de outubro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 10

Sobrou a visão, dos seis sentidos que achamos que temos. Negar a visão é a mais fácil se pensarmos um pouco. Por exemplo, mesmo de olhos fechados, você tem a sensação de ver... sua mente se povoa de imagens. Para negar a visão que vê basta nos concentrarmos na visão que não vê.

Temos a visão que nos mostra as coisas que ainda não são, as coisas que poderiam estar por vir; em síntese, se podemos ver o que não existe ainda mais uma vez negamos a visão como retratista fiel da realidade.

Se aceitamos que podemos ter visões de coisas futuras, se aceitamos que em nossos sonhos vemos os "filmes" que nós mesmos criamos, se aceitamos que as ilusões de ótica são divertidas, se aceitamos que os mágicos prestidigitadores podem nos enganar com total facilidade, porque achamos que ver é um sentido que nos apresenta a realidade?

Assim negamos a visão, e com ela os demais sentidos aos quais adoramos nos apegar para termos a certeza de estarmos vivos, coerentes e participativos.

Negamos o valor intrínseco dos sentidos como sendo ferramentas absolutas de percepção.

Mas nosso crescimento interior, o qual precisa ser conquistado para conquistarmos o Nada, passa também por repaginarmos os conceitos Realidade e Verdade. O Nada precisa que a Realidade seja desnecessária e que a Verdade seja tão abrangente que não faça mais sentido ser citada.

Vamos ver o que os dicionários nos ensinam:

Realidade: qualidade ou estado do que é real....
Real: que existe verdadeiramente...
Verdade: aquilo que corresponde à realidade...

Os dicionários ligam claramente os dois conceitos, realidade e verdade, e os colocam, se não como sinônimos, como coadjuvantes, um sustentando o outro, como naquela figura da pessoa sentada num balanço preso a um galho (que sustenta o balanço) e o ao mesmo tempo essa pessoa segura o galho com a mão, sustentando-o. Estas duas palavras se sustentam e se mantêm vivas, apesar de suas nulidades.

Pode-se buscar várias fontes, vários sábios e várias filosofias para se definir a Realidade, mas em todas elas fica claro que a Realidade não é única! Criamos até a Realidade Virtual! A realidade não sendo única, não pode ser usada de parâmetro ou de invólucro para a tal da Verdade.

Se acreditávamos que a percepção dos sentidos nos dava a dimensão da realidade, e com ela a verdade, e se críamos que a verdade era única, então só poderia existir uma única realidade, baseada na percepção absoluta dos sentidos.

Mas, como vimos que não há percepção absoluta, podemos dizer que não nem Verdade e muito menos Realidade.

E agora?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 08

Uma coisa que deve ser notado é que o Nada é totalmente individual, solitário e egoísta e exige o mesmo de você. Não há como generalizar, compartilhar ou distribuir o Nada. Ao se procurar o Nada você vai procurá-lo dentro de você mesmo. É o choque da negação de seus próprios sentidos, aquilo que o atrela ao mundo conhecido, que lhe mostrará a Nada. Você terá que aprender que o que seus sentidos trazem para você é tão real quanto queira e tão imaginário quanto você permita. Assim, você tem que primeiro sentir para depois deixar de sentir... e só você pode fazer isso e isso só pode ser feito procurando dentro de você mesmo.

A boa notícia é que pode ser feito em partes, você pode trabalhar cada um dos seis sentidos individualmente e assim conquistar um pouco do Nada de cada vez. Muitas vezes é até recomendável que se faça assim. A experiência de conhecer o Nada de uma única vez pode ser perigosa e sem retorno.

Você pode começar negando o tato. Se você foi um bom estudante de física lembrará que ao tocar alguma coisa você nada tocou. O tato nada mais é que os campos energéticos de sua matéria interagindo com os campos da matéria que você "tocou", criando forças que sua mente traduziu em toques. Lembre-se: a matéria é a poeira que macula o Nada.

Há duas maneiras básicas de se negar o tato. Você pode simplesmente bloquear as interpretações do seu cérebro e simplesmente não sentir o que deveria estar sentindo. E isso é mais fácil do que parece. Você pode fazer isso sem buscar o Nada. Segure algum objeto, de leve, sem muita força. Pode ser algo simples, pode ser sua própria mão segurando a outra. Não se mexa. Não altere o toque. Deixe o tempo passar. Daqui a alguns instantes conscientize-se de que na verdade você não está mais sentindo toque nenhum. Seu cérebro bloqueou a sensação.

A outra forma, a que interessa, é concentrando-se- no Nada. E conscientemente bloqueie suas sensações de tato.  Recomendo que comece deitado, fica menos assustador ou perigoso. Vá esquecendo que tem pernas, braços, pele... Vá deixando que suas partes passem a fazer parte dos objetos que você "toca".  Você nada mais sente porque você nada mais é que um nada se integrando ao nada dos objetos. A sensação de peso, de contato, de espaço ocupado desaparece. Quer voltar a sentir? Basta querer. Mexa-se... isso bastará. Que tal o passeio?

Vamos para o segundo sentido... que tal a audição? Aqui a essência é diferente. Aqui você tem que se conscientizar que ouvir é acreditar na sequência do tempo. Você só ouve hoje porque acredita que exista um processo de receber a informação, traduzi-la, interpretá-la e usá-la ou armazená-la. Mas processos pressupõem tempo e espaço, que já sabemos serem frutos de nossa desimaginação. Quer parar de ouvir? Inunde sua sensação auditiva com o silêncio do Nada, com a incapacidade de entender o que venha a ser tempo ou espaço. Comporte-se como se nada houvesse para ser ouvido. Faça de conta que está indo dormir e deixe a audição descansar. Verá que sem a audição a noção de que o tempo e o espaço não existem passa a ser mais crível. É como ter uma televisão ligada sem volume e você não querendo prestar atenção. Parece que nada de verdadeiro está acontecendo. É verdade que se você usar a visão e o pensamento em uma televisão sem som, você vai se apegar ao "realismo" e à passagem de tempo, mas como estamos nos livrando dos grilhões dos sentidos, tente deixar a televisão ligada sem som e sem sua atenção. É como estar numa exposição de pinturas sem querer ver quadros. Ao final do seu passeio você terá entendido o quero dizer por não existir tempo ou espaço.

Qual o próximo? Olfato? Ou prefere paladar? Esses são fáceis nos dias de hoje porque eles já estão semi-destruídos pelos hábitos e exageros que aceitamos.

O olfato sensível, aquele de pequenas nuances praticamente já não o temos, mas ainda somos capazes de sentir os grandes extremos, prazerosos e asquerosos. Ajuda lembrar que aprendemos a sentir cheiros como uma forma de sobrevivência, onde as classificações de bom e ruim nasceram de memórias educativas e fisiológicas que herdamos. Se conseguirmos desvencilhar o elo entre o cheiro e o fato, aprenderemos a sentir os cheiros sem reações comportamentais. Este é um passo importante para simplesmente deixar de sentir qualquer cheiro. Feito isso, comece a entender que o olfato não existe. Ele é tão real e tão falso quanto o tato. Ele é apenas uma série de reações químicas que você decidiu lembrar e valorizar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 07

Já a segunda questão, de como nós próprios sairemos da teoria para o resultado, só me permitirei divagar superficialmente porque, obviamente, não há regras e procedimentos que, por terem sido escritos, tenham efetivado a cura. Não é a receita que cura o paciente, mas sim a interação do remédio com o doente.

Uma das formas aparentemente óbvias de se chegar ao Nada é praticá-lo. Mas isso pode não ser tão simples. Me lembro de um antigo e enraizado pavor que tinha, que é difícil até de explicar: nos meus momentos de devaneio, principalmente na minha juventude, quando tinha o hábito de me deixar atropelar pelos meus pensamentos, permitindo que se dessem as mãos sem a necessidade da menor coerência, sempre acreditei que pensar era estar vivo e que somente o pensamento pudesse gerar um novo pensamento, perpetuando assim o viver (Cogito, ergo sum).

Deixava então a mente trabalhar e vivia com a certeza que ela era a morada da vida, da existência, da realidade. Toda vez que eu pensava em desligar a mente, deixá-la quieta, me vinha a imagem do carro sem motor de arranque que, se desligado, nunca mais voltaria a funcionar. Pode parecer paranoia, e talvez seja.

Agora faço meus exercícios do Nada, tenho progredido e feito algumas viagens. E como se faz isso?

Por exemplo, escolha uma música que te acaricie e te invada sem te perturbar ou exigir de você memória, lembranças ou ligações. Começa a prestar atenção no que ouve. Tenta sentir cada nota, cada sobe e desce da melodia, cada riqueza da criação do artista, cada beleza da harmonia que vai desfilando perante teus sentidos.

É uma experiência relaxante, cria em você uma admiração pela capacidade de alguém ter criado essa coisa tão simples e rica. Mas isso não é o Nada, é sua antítese, o Todo.

Imagina a música como uma névoa que te toca, arrepia tua pele, acaricia teus sentidos. Flutua então por esta névoa, busca uma nota, um som que te chame a atenção. Flutua ao redor dela, vislumbra-a de todos seus lados, por todos seus contornos, persegue-a pelos seus passeios por dentro da névoa. Vê como ela conversa com as outras, vê como ela passeia dona de si...

Agora fecha teus sentidos, de leve, e vislumbra-te passeando pela névoa, afasta-te de ti mesmo e presta atenção. O que vês?

Nada vês, pois não és música, não és névoa, não estás onde achavas que estarias... se lá estivesses este "lá" existiria e não seria música, não seria névoa. Então, onde estás?

Estás passeando pelo Nada, que te permite Tudo sem que o Todo perceba ou se incomode.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 06

Ok, destruí todos os conceitos básicos, tempo, espaço e matéria, relevei a energia para um plano de mero intercâmbio de existências  e venerei a negação, o espaço vazio, o nada, como núcleo de convergência e entendimento.

E agora?

Da teoria à prática...

E essa é a parte onde toda ajuda é bem vinda. Se nossas teorias têm algo de verdadeiro e nós ficamos aqui, nas beiras de cais, vendo os navios partirem, nunca saberemos se naufragaram ou se novas terras conquistaram,  a não ser pela noticias ou pela falta delas.

Precisamos partir tão corajosamente quanto nossos iguais e se fracassarmos por caminhos errados ou por idéias tortas, a maioria nunca saberá, só nossa ausência sentirá e provavelmente em mártires nos tornará.

Mas confesso que ainda não sei como transformar esses vislumbres de um mundo total em pelo menos capítulos reais do meu mundo atual.

Sei a busca básica: me desvincular do tempo, espaço e matéria e conquistar o nada, por ele navegar, pelos meus pensamentos fluir e interferir.

Mas antes temos algumas lições de casa a resolver.

Uma delas é quanto aos leigos mortais que se prendem aos seus realismos atuais de forma quase perpétua. Após termos enxergado o Nada, como devemos nos comportar quanto a aqueles que não têm a menor idéia do que estamos falando?

Outra dessas lições de casa é como nós mesmos transformamos essas ainda crenças em atos e evoluções? Temos que seguir rituais, procedimentos e outras instruções e meditações para atingirmos níveis de compreensão suficientes para a realidade no Nada?

Uma coisa de cada vez. Pensemos em nossos iguais, os leigos mortais. Primeiramente precisamos entender que eles são realmente iguais a nós. Nada há de diferente entre eles, que não enxergam o que enxergamos, e nós, que acreditamos enxergar um nada, um desvínculo de imagens e de verdades científicas criadas a partir de um Nada negado. É importante entendermos que não há o certo ou o errado, o avançado e o principiante. O que há de diferente é apenas um novo grau de liberdade, nos libertamos do conhecimento formal. Permitimos às nossas mentes, ainda guiadoras da maioria das nossas ações, que passeiem pelos caminhos não necessariamente sólidos em busca de paisagens e brisas que tragam um conforto maior que o da segurança, o conforto da satisfação de se saber livre de regras e barreiras, a satisfação de descobrirmos que não temos limites.

Ao chegarmos a esse nível de liberdade e conforto em momento algum negamos qualquer realidade, inclusive aquela que até então conhecíamos como única. Por muitas vezes povoaremos esta realidade "antiga" pois é nela que calcamos boa parte de nossa existência e ela é tão verdadeira quanto qualquer outra. Será em muitas ocasiões nosso porto de descanso entre tantas redescobertas que vivenciaremos a partir da nova liberdade.

Então deve ser um processo simples como o de um pintor abstrato jantando com seu amigo, um físico quântico: eles não fazem medições de conhecimentos nem deixam que suas individualidades mascarem ou obscureçam as existências que os cercam. São conhecedores de seus próprios potenciais, talvez desprezem o conhecimento que o outro tenha, mas não se mostram  maiores ou mais importantes que seu companheiro de refeição.

Assim devemos nos comportar. Se achamos que tenhamos evoluído ao conhecer o Nada não podemos pressupor que nosso colega, vizinho ou parente não tenha conhecido alguma outra forma do Nada se manifestar. Ele pode até ter encontrado o mesmíssimo Nada que encontramos e decidiu negá-lo, ou adiá-lo na sua vida!

Ou pode estar pensando exatamente igual a você! Feliz de ter conhecido o Nada e não se sentindo superior a você, que não demonstrou ter tido a mesma sorte.

O importante é entender que conquistar o Nada em nada muda qualquer dos mundos pelos quais você vagueie. Ele apenas te permitiu conhecer uma infinidade deles.

Com isso acho que resolvemos nossa primeira grande questão, a de como conviver entre humanos, sabedores ou não dos poderes do Nada.

Rascunhos de Um Pensar - Parte 05

Aprendemos que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Já resolvemos a nulidade do espaço e do tempo. Falta falarmos da matéria. Independente dos últimos avanços da ciência, que a todo instante redescobre a tal da matéria, com direito a anti-matéria e outros tantos conceitos, sabemos que na verdade falamos do vazio e das energias em circulação com direito a partículas espalhadas aqui e ali. (Corroborando meu desconceito de espaço e tempo, lembro que os cientistas quase chegaram lá ao inventarem o princípio da incerteza de Heisenberg.)

Pensemos ainda no absurdo dos buracos negros. São uma tentativa dessas partículas em aniquilar o vazio entre elas e o resultado é simplesmente a derrota. Essa implosão de matéria, essa redução do nada entre as partículas gera uma singularidade que gostam de chamar de portal para outros universos, mas é simplesmente o nada vindo de outras realidades reconquistando o espaço que as partículas ocupavam.

Se a matéria não é a maioria, se ela própria pode ser pura energia, se não há espaço ou tempo, porque haveria de ter a tal da matéria? Ela nada mais é que uma forma de expressar as trocas de energia, suas várias formas e concentrações passeando pelo vazio.

Então nos resta o vazio e energia. Não há como negar o vazio. Ele é a essência de si mesmo. Negar o vazio é congelar o universo. Precisamos do vazio para que exista mudança, para que nossos "pensamentos" tenham a liberdade de serem o que quiserem.

E a energia? O que seria?

Seria fácil dizer que esta energia seria o "nós" espiritualizado, que pertencemos ao cosmo, que somos parte de um algo maior. Mas não acho que seja isso. Continuo acreditando na total individualidade, no conjunto de particularidades de cada individuo. O que passamos, presenciamos ou sentimos foi iniciado pelo nosso "pensar", é só nosso e pode ser compartilhado se ambos os lados o quiserem.

A energia é a forma de dizermos que existimos. Nossos realismos "pensados" se utilizam dessa energia para imprimir em nós mesmos as sensações e lembranças que planejamos.

A energia, mais que um ente é uma entidade que representa nosso poder de existir e interferir.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 04

Não há Tempo. 


Isso pode parecer confuso e fica difícil se fazer paralelos entre o mundo com tempo e o verdadeiro, sem tempo. Imagine-se imerso numa piscina e você se divertindo, respirando a própria água como se fosse a coisa mais natural do mundo. Você está lá, flutuando sem qualquer dificuldade, cercado de água por todos os lados. Feche os olhos. "Pense" em algo. Imagine esse "pensar" como a imensa capacidade de tudo poder criar. Abra os olhos esse algo é tua realidade presente. Feche os olhos. "Pense" novamente em um algo diferente. Reabra os olhos, e o algo anterior deu lugar a um novo algo vindo do nada. Você acaba de brincar de criar algos, mundos, universos, realidades. A partir do Nada.


Você pode permanecer de olhos abertos para poder manipular essa realidade momentânea ou pode dominar o "pensar" para repetir qualquer "algo" com um simples piscar.


Você também pode virar para um lado, alterar a percepção do algo, trocar algos com os amigos, interagir com outros algos... confuso, eu sei. Mas aja como uma criança, confunda o hoje com o ontem e deixe o tempo confuso... ele se auto destruirá.


As nossas limitantes três dimensões (ou mesmo quatro segundo alguns) também são ligadas à percepção aprendida.  A própria Ciência já relativizou estas dimensões e o tempo, dando a entender que elas não são absolutas e sim relativas. Ótimo! Meio caminho andado! Mas pararam por aí porque precisavam (não sei porquê) readaptar o mundo, até então obediente às regras, para esta nova "realidade". Tomaram todo o cuidado para não desmontar o passado, não negar Newton. E aí perderam a chance de um real progresso. Dimensões são hoje usadas para várias finalidades como localização, quantificação e comparação. Tentam dar um caráter absoluto a percepções para então relativizá-las.  Mas se já entendemos que não há tempo, e o tempo seria uma das quatro dimensões, não há como caracterizar espaço. O Espaço passa a ser algo sem qualquer sentido quando a correta perda da noção de tempo nos permite realizar "pensamentos" com um piscar de olhos. Assim, não há espaço sem o querermos e não precisamos querê-lo o tempo todo nem conseguimos impô-lo a qualquer um.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 03

É preciso entender que Ciência é como Crença, todas estão certas sem nunca acertarem.

A Terra é tão plana quanto ela é esférica e qualquer das duas visões é sempre um limitante (pelo menos quando plana, podemos cair de suas bordas; quando esfera, não temos para onde cair). Por outro lado, o vazio "intermolecular" da Terra é o mesmo que de todos os Universos e independe dela ser plana ou esférica.

Posso enumerar aqui talvez centenas de revisualizações da Ciência que poderiam ajudar a construir um caminho mais claro, mas vamos tentar falar da Ciência em si. Não tenho a competência ou o conhecimento da história para poder afirmar coisas com a precisão que exigirão de mim, mas pensemos, por enquanto, de forma um pouco mais livre.

A Ciência nasce do homem como talvez uma necessidade de conquistar e preservar explicações. Não sei afirmar porque houve esse apego à matéria, ao palpável, ao que mexe com os cinco sentidos, mas são justamente esses lados do universo que não precisam de explicação. É nesse mundo de sentidos mundanos, tão mundanos que a maioria dos animais os têm, que as coisas acontecem e provavelmente sempre acontecerão segundo uma ordem, um conjunto de regras, e conhecer este conjunto não nos dá qualquer poder transformador sobre ele.

O homem deveria ter se dedicado a entender, sem precisar explicar, as coisas não palpáveis, aquelas que parecem desafiar toda a normalidade que o homem se acostumou a ver. Essas coisas "estranhas" existem e trazem pela sua existência mais informações do que estamos acostumados. É através desses "passaportes" a outros entendimentos que poderemos entender, ou pelo menos vislumbrar, esse Nada.

Nós temos que partir de alguns conceitos, ou o que eu chamaria de idéias desejadas.

Se você quer embrulhar todo o mundo, todo o universo, todo o conhecido e o desconhecido em um só pacote para então poder passear por ele como quiser, temos que derrubar algumas idéias que não se encaixam e inventar outras.

Para se embrulhar o incomensurável, o interminável, precisaríamos de tempo infinito. Como não temos isso, devemos abandonar o conceito de tempo como o conhecemos.

Tempo não é grandeza nem dimensão. Tempo é a forma que escolhemos para brincar de evoluir. Mas é um brinquedo muito chato e também muito destrutivo. Aqueles que acreditam no Tempo precisam criar as teorias de Big Bang, para dar um começo ao tempo. Feito isso, tudo está perdido, amarrado a um conceito inútil. Quase nos damos conta disso e começamos a pensar em máquinas do tempo, fontes da juventude; os cientistas até tiveram que inventar o tempo negativo, antes do Big Bang, ou mesmo o Big Bang cíclico para tentar preservar o conceito de tempo.

Não há Tempo. 

Rascunhos de Um Pensar - Parte 02

Preciso enxergar meus nadas. Preciso me ver vazio e entender que cada partícula minha é uma âncora que me prende ao aqui-agora tri-dimensional. Preciso entender que não preciso de mim para ser eu mesmo. Meu existir é perpétuo no tempo e infinito no espaço. Não sou o Todo e sim o Nada.

Imagino eu querendo desaparecer por uns instantes e convocando para isso milhares de borboletas. Elas, já sabendo o que eu quero, vão cobrir meu corpo deitado na relva por completo, sem deixar um só pedaço visível  mas mantendo a silhueta do meu corpo exatamente como ele é.  Assim, continuo lá, para todo ser humano acreditar, e aproveito e fujo para passear pelo nada, sem despertar suspeitas. Neste passeio coleto aprendizados, misturo tempos e espaços, junto coisas úteis e inúteis e depois volto para minha moradia formada pelas borboletas. Não sei quanto tempo fiquei longe, ainda não brinquei de escolher o quando do voltar. Mas trouxe comigo um monte de pensares e existires que coletei pelo passeio.

Tirando o lado fantasioso das borboletas, só vejo por ora três formas de viajar sem incomodar aqueles que não entendem.

Posso dominar as sensações físicas dos que me cercam.

Posso totalmente dominar o tempo e viajar o quanto quiser e, desde que volte ao instante presente, nada será notado.

Posso automatizar minhas partículas para que continuem parecendo vivas, cheias de mim enquanto passeio.

É óbvio que procuro conquistar o nada secretamente, sem que saibam ou se preocupem. Os que me cercam são queridos, merecem respeito e não precisam sofrer com o desconhecimento. Quero me desvencilhar  das âncoras mas não dos amigos e dos que me são importantes, mesmo que nunca venham a entender ou querer conhecer.

Mas tudo isso são presunções, pensamentos preparantes para o que devo fazer. E isso ainda não sei o que é.

Pelos meus pensamentos presentes o segredo está em entender como a ciência duelou com a realidade e a formatou, limitou e enjaulou. Em instante algum será necessário negá-la, mas é preciso entender que ela representa apenas uma possibilidade, uma janela, com sua devida grade, para dentro do real.

Quando a Ciência se depara com algo que não compreende ela pode negá-lo até poder explicá-lo, envolvê-lo em leis e teorias, criando o inútil conceito do possível e do impossível , ou pode se deliciar criando novas teorias mirabolantes e cheias de pontos que jamais serão realmente entendidos . É nesse ponto que ela mais se aproxima de abrir a janela para um mundo mais vasto, mas depois sucumbe ante a necessidade desnecessária de encaixar a nova teoria no mundo das antigas ou de trazer as antigas teorias ao novo mundo que se apresentou.

Assim, fechou uma janela ao abrir outra e precisa desta "coerência" para continuar Ciência.

E essas elucubrações em busca de se solidificar o mundo levam os cientistas a perderem contato com qualquer realidade e assim não sentirem o quão longe estão do verdadeiro explicar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 01

Esse negócio de ficar remoendo idéias e explicações, ficar lendo e pensando, brincando de entender é uma coisa muito louca.

Agora brinco de conquistar a ciência da forma que ela menos imagina. Brinco de não negá-la mas sim entendê-la como um dos limitantes do ser humano. Brinco de mostrar que ela pode ser usada como uma forma mágica de ser burlar todas as leis que aprendemos existir.

Quero poder atravessar uma parede, flutuar, sair do meu corpo e voltar, morrer e desmorrer.

Quero estar em todos os lugares, um por vez pois não quero ser onipresente,  sem precisar viajar.

Quero entender as doenças, não para curá-las mas para fazê-las desistir de destruir.

Aprendi que dois corpos se atraem com força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa. Deveria ter aprendido que dois corpos se atraem porque há distância entre eles.

Aprendi que uma ação sempre causa uma reação em sentido oposto e de igual intensidade. Deveria ter aprendido que isto só acontece porque elas querem manter sua individualidade. Se quisessem ser mais, somariam e não reagiriam, destruindo a outra lei, aquela da conservação da energia.

Aprendi muitas coisas chamadas ciência. Mas acho que aprendi os lados errados dela. Aprendi que os átomos são pequenas partículas cercadas de muito vazio e que as energias destas partículas garantem seus espaços. Deveria ter aprendido que há muito vazio cheio de energia e salpicado de partículas, porque o vazio assim o permite.

Então...

Se eu conquistar este vazio, fazer dele o meu verdadeiro ser, terei conseguido ser o éter dos antigos, que tudo explica, tudo preenche.

A frase que diz que o nada existe pode parecer absurda mas não existe nada mais presente, mais desvinculado do tempo, mais sem dono e sem interesse que o nada, o vazio. O verdadeiro Vazio.

Não existe nada mais simples. Não há nada que permeie os universos com tanta eficiência quanto o Nada.

Se eu puder fazer parte do nada de forma coerente, terei conquistado o Todo sem nenhum esforço e sem nenhum conflito com cada um dos proprietários de cada pedacinho deste Todo.

O que me separa da Lua, que brilha neste momento nos céus noturnos de Glastonbury? Nada... se eu souber navegar por esse nada chegarei lá num nada de tempo...

sábado, 7 de agosto de 2010

Névoa de Paranapiacaba

As grades de novo aparecem perante nós. Estou tentando vigiar as minhas próprias para entendê-las e delas me livrar.


Sempre tentei  ver a riqueza dos detalhes, a maravilha das engrenagens divinas (seja lá qual a divindade que as tenha concebido) como o entendimento para se chegar ao Algo Simples e Maravilhoso que estaria acima de mim.


Quando olhava para uma planta ficava me maravilhando com os detalhes, as pequenas soluções da natureza, a possibilidade de vida na forma de seiva, sol e química. Como era lindo me enfiar naquele mundo minúsculo e imaginar a interação dos átomos, os fótons de luz fazendo seu papel e tudo isso funcionando harmoniosamente.


Mas agora uma névoa se deitou sobre meu enxergar como a névoa que se apossa periodicamente da linda cidade de Paranapiacaba e que vai escondendo os detalhes que antes eu enxergava. Esta névoa de Paranapiacaba me encantava porque eu via as coisas sumirem, se transformarem, enganarem minha visão sem conseguirem enganar minha memória. Eu sabia que, apesar de parecer um foguete interestelar em sua viagem, nada mais era que a torre da igreja.


E tinha o momento em que a névoa se dissipava e me devolvia toda a realidade que eu tinha guardado na memória. E essa brincadeira de poder fazer de conta contando com a segurança de que tudo voltaria ao normal me encantava.


Mas esta névoa que agora se deita não é a mesma. Ela não vem brincar com as minhas visões ou tentar enganar minhas memórias. Ela vem me mostrar que não adianta enxergar o que não existe ou me lembrar do que não vi.


É uma névoa de limpeza. É um fechar de olhos para ter a chance de se despertar de novo, desta vez para valer.


Não adianta olhar para dentro de nós mesmos, ou através da grade que nos protege do que não queremos ver.


E dentro desta névoa existe um diamante.


Não estamos aqui para nos olharmos na face polida deste diamante. Não adianta olharmos através dele porque cada face irá dos dar uma visão diferente do que se tem para enxergar.


Existe apenas uma forma de se olhar um diamante: para dentro dele. Pode-se olhar por qualquer face, o interior dele será sempre o mesmo. Inatingível a princípio, mas verdadeiro.


Precisamos achar o diamante no meio da névoa. Precisamos saber olhá-lo. Transcender para dentro dele. Sê-lo sem sermos nós. Não podemos maculá-lo.


Descobrir, talvez, que sejamos raios de luz que emanam deste diamante e que a ele queiramos retornar.

domingo, 1 de agosto de 2010

Nossas Grades

Tenho lido muito nestes últimos dias. Meio a esmo, meio deixando os textos me conduzirem a outros textos (a internet é ótima para isso – lembro das dores nas costas de tanto folhear Enciclopédias Britânicas, de volume em volume, sendo guiado pelas palavras desconhecidas).

Tenho absorvido e lido sem muita análise, ainda. Tenho deixado as coisas passearem pela minha mente e pelas minhas sensações de satisfação, descoberta, desconfiança, quase compreensão, vislumbres, sonhos...

E um conceito que eu não tinha e passou a me assaltar de vários ângulos é o da grade... como explicar? Nem sei ainda... estou na fase de roubar as idéias para servirem de ingredientes para as minhas próprias.

Mas, grosseiramente, imagina a grade como sendo a janela que te separa do mundo verdadeiro e que tudo que você percebe passa, necessariamente, por esta grade antes de atingir teus sentidos e tuas percepções. Não se pode dizer que ela seja uma deturbadora do mundo verdadeiro ou mesmo um fltro do que te atinge. Esta grade é tua ÚNICA forma atual de chegar a receber alguma coisa do mundo verdadeiro.

E as grades são resultado de uma série infinda de elementos, sejam influências, sejam aprendizados,  medos ou descobertas. E cada indivíduo tem sua própria grade, que pode até se assemelhar aos que o cercam, no tempo e no espaço e, principalmente, nas idéias e ideais (sonhos talvez).

Mas como não sabemos que esta grade existe em cada um de  nós obviamente não sabemos que ela existe no nosso vizinho antagônico, no nosso colega discordante, no nosso amor não mais amado.

E grades diferentes não só vêem pedaços diferentes do mundo verdadeiro como podem até não conseguir nem ver o que o outro vê. Esta desvisualização é, provavelmente, o cerne das confusões e desentendimentos, das necessidades do uso da força física, mental ou psicológica.

Talvez tenhamos que ser míopes e deixar de olhar o mundo para passar a enxergar nossas próprias grades, entendê-las, e desmontá-las, primeiro um pedaço, depois olhar para fora e para o outro e reaprender... depois desmontar mais um pedaço, novo aprendizado...

Até... sinceramente não sei o que veremos... ainda nem retirei meu primeiro pedaço. Mas estou esperançoso que, mesmo que eu esteja completamente errado quanto à existência destas grades, pelo menos eu consiga enxergar mais conscientemente e saber que há um mundo verdadeiro que todos enxergarão por igual.

Vejam se faz sentido

Existe um certo entendimento de que a paz interior, a evolução espiritual (ou qualquer coisa parecida com essa), a busca do Algo estão ligadas a conceitos de Simplicidade, mente vazia de conflitos, desvinculação das coisas materiais, despreendimento das armadilhas dos pensamentos lógicos e desvínculo da necessidade de se entender o Todo antes de conquistá-lo.

Algo como "deixe de ficar pensando e deixe a Natureza e o Sublime te invadirem".

E para isso temos que nos esforçar, temos que esquecer muitas coisas que nos ensinaram por anos, temos que "limpar a mente", abrir os sentidos para aquilo que não estamos acostumados a valorizar.

E isso é difícil! Ficamos duelando com os valores enraizados dentro de nós, ficamos sem saber o que fazer com as conquistas e conquistados de tantos anos, criamos a necessidade de abnegação e purificação para nos justificarmos perante aqueles com quem convivemos e descobrimos a solidão e a instrospecção (mesmo quando achamos nossos iguais) como forma de se conseguir esta "limpeza".

Mas é uma quebra tão grande do que se considera normal que me deixa pensando se tudo isso está certo? Se estiver, provavelmente eu ainda tenho muito pela frente, pois é difícil para mim não precisar entender, não usar a parte pensante que me trouxe até aqui e que acredito tenha me ajudado muito a poder não me afundar na mesmice.

Continuo acreditando na Simplicidade, na naturalidade em se conseguir este ponto mais alto, mas não consigo achar que esteja desvinculado do intelecto. Acredito que um encaixe perfeito entre o pensar, o sentir e o viver existe. E que para este encaixe ser conquistado muito do que disse acima é a mais pura verdade.

Há que se limpar a mente mas não deixar de usá-la!
Há que se usar a mente em sua forma mais pura, criando sua própria estrutura, sem aceitar dogmas e falácias.
Há que se desvincular das coisas materiais mas não negar sua necessidade.
Há que se entender que se somos parte do Todo temos que entender a nossa parte Nele.
A melhor forma de abrirmos a mente para novas sensações e conhecer como lidamos com as antigas.

O pensamento deve fluir solto, fácil, prazeirosamente. Este é um dos sintomas da Simplicidade.

Como podem ver estou ainda longe Dela mas já sinto uma mente que trabalha sem tanto esforço, já sinto meus sentidos mais abertos às mensagens não padroinzadas, já sinto a necessidade da Simplicidade.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Estrela

Há uma estrela lá longe. Ela brilha e nem sabe disso. Ela não sabe porque não precisa. Essa estrela gosta de brincar e de vez em quando se transveste de Lua só para ser aquecida pelo Sol, iluminar os incautos namorados ou surpreender a todos se escondendo atrás da Terra.

Ela ainda lembra como esta simples brincadeira, que cientistas renascentistas traduziram em movimentos previsíveis, encantavam povos e os aproximavam do amor e do temor à Natureza.

E ela gostava de ver esta aproximação porque ela entende que se nada é real, só as forças da Natureza permitem criar a ilusão. E quanto mais perto das forças essas pessoas se encontravam, mais o brilho desinteressado da estrela se perpetuava no tempo.

Ela gosta da sensação de ser estrela. Enquanto perto dela, tudo parece sumir, reina apenas ela nos céus de quem a vê sem sentir. Ela é solitária, não tem planetas, nem os quer; não quer ser Sol. Ninguém a toca, ninguém se aproxima.

Mas ao nos afastarmos dela, suas amigas estrelas aparecem ao seu lado e ela quase some dentro de uma multidão. E ela é feliz assim. Ela sabe que não é nada de especial nesta constelação, mas nós sabemos que se ela sumir ou se apagar, um vazio há de ficar.

Vamos cuidar dela sem ela saber... vamos nos aproximar das forças da Natureza, vamos amar e ser parte da Natureza para amar e ser parte desta estrela sem ela saber ou se preocupar.

Deixemos a estrela apenas brilhar e brincar.

 

domingo, 18 de julho de 2010

Evolução de Hoje

Não existe mudança sem provocação, não existe evolução sem a ameaça da extinção, não existe melhoria sem contestação.

Não existe transformação sem a participação de forças externas. Contemplação pode ser uma forma de paz interior, mas nunca de prosseguir na busca de Algo.

A introspecção, o fechamento de suas idéias e teorias dentro de si mesmo corre o risco de matar seu progresso por inanição. É necessária a pressão, a discordância ou o simples questionamento externo para que você possa rever seus conceitos, burilar seus cantos ásperos, polir suas facetas opacas.

E se você acredita nisso, você tem que participar do seu mundo atual de forma ativa e sincera. Deve expressar seu modo de pensar de forma a que o mundo lhe mostre suas próprias falhas para que possa eliminá-las, transformá-las em energia e mudança.

Você tem todo o direito de escolher a quem se expõe e de quem se protege; não há nenhuma necessidade de se desgastar à toa, repetindo discussões e opiniões só porque as pessoas que te cercam são novas ou diferentes ou ainda surdas dos seus primeiros pensamentos. Nessas horas, escute e ajude a mudar.

 Mas você precisa dos outros. E eles precisam de você. Respeite, conteste, questione as pessoas que lhe são importantes. Alimente-as de suas falhas para que elas também possam corrigir e mudar.

Eventualmente portas se abrirão e novos mundos se oferecerão para que possa passear por eles. E você vai precisar de toda a ajuda das pessoas já antigas deste novo mundo para que por ele você possa andar, sempre se transformando.

No final de um Tempo que não acaba por não existir, seu único diálogo será com a Natureza e talvez neste momento tua busca por Algo tenha se encerrado.

E aí você parte para a próxima missão: ser parte consciente deste Algo.

sábado, 17 de julho de 2010

Criativdade Introspecta

Às vezes o lado criativo se introspecta e ao invés de trazer à mente imagens e formas de exteriorizá-las, se volta à verdadeira fonte das criações e se dedica a alimentá-la, dela cuidar.

Nada se tem a dizer, pintar, criar ou inventar. Está na hora de plantar, esperar germinar, deixar a musa deitar o orvalho, para depois colher e distribuir.

E nessas horas é necessário ser criativo, não repetir receitas buscando acelerar colheitas. É necessário deixar as forças da Natureza ditarem seus caprichos.

É necessário olhar a cada semente guardada ou recebida como algo totalmente novo e saber escutar da Natureza os momentos de lançá-la à terra fértil que temos dentro de nós.

Devemos, quais plantadores antigos, olhar o céu, esperar a Lua, observar os animais e o ruído dos riachos para assim saber o momento certo.

E depois, é deixar a Natureza impor seu ciclo, acima do Tempo e do Espaço, colher e distribuir, pois só assim a terra continuará fértil e generosa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Transe Hipnótico

Estava lendo um livro outro dia (sim, eu sou sugestionável) e um pequeno trecho que eu li despertou umas idéias e imagens aqui comigo. Antes que se pergunte, não acabei de ler o livro; o estou guardando para uma viagem que devo fazer no final do mês e definitivamente preciso de companhia.

Mas o livro contava a experiência hipnótica que o personagem tivera vários anos antes do tempo presente do livro. Logicamente que, como bom deturpador e preguiçoso que sou, não vou me lembrar de todos os detalhes e como só estou usando como gancho não será tão importante assim ter os detalhes na ponta da língua. Se quiserem, que leiam o livro.

Mas nessa experiência hipnótica, o autor estava no meio de um palco mas achava que estava em um quarto totalmente fechado feito de pedra. Apesar de ter entrado por uma porta, ela desaparecera e agora não tinha como sair. Depois, ele foi salvo pelo hipnotizador que o puxou para fora diretamente através da parede de pedras, fazendo com que ele a atravessasse.

Pois bem porque estou falando tudo isso?

Algumas coisas me chamaram a atenção. Uma delas é que sempre que falamos em hipnose ou estamos criando bloqueios, como as paredes que não existem, ou estamos derrubando bloqueios que também não existem, como as fobias e traumas.

A outra coisa que me chamou a atenção foi o público que assistiu a tudo, não interferiu apesar da cena aparentemente ridícula de um ser se debatendo contra o nada. E no final, quando voltou ao "normal" o público o aplaudiu como herói, talvez até com uma ponta de inveja.

Aí eu começo a juntar essas partes com outras largadas dentro de mim e fico imaginando, plagiando o homem que sonha que é uma borboleta que sonha que é um homem sonhando (ou algo assim).

Quem somos nós, nessa universalidade desconhecida? Somos o homem hipnotizado que já fora livre e depois foi cercado de barreiras e bloqueios que acreditou verdadeiras para depois voltar à "liberdade"?

Ou somos a platéia, presa num mundo coerente onde admiramos quem consegue dele fugir, mesmo que só por uns instantes?

Ou ainda somos o hipnotizador que brinca com os poderes, quiçá sabendo o que está fazendo?

O que me interessa é entender que as barreiras devem ser derrubadas, e que talvez realmente estejamos num transe hipnótico coletivo e precisemos da mão do hipnotizador para nos fazer passar por paredes aparentemente sólidas.

É essa mão que procuro...

O Poder que eu queria ter

Outro dia me falei de um Poder Natural que eu queria que existisse e que estivesse pronto a dominar. Continuo pensando nele e tentando, se não entendê-lo, pelo menos senti-lo ou concebê-lo na minha pequenez.

Já sei que este Poder é maior, é diferente do que chamam de instinto. Ele transcende a física, a lógica e o próprio Tempo. Ele tem que ter a magia de permitir a liberdade total e ao mesmo tempo a privacidade total de qualquer ser que o domine.

Sim, este Poder é dominável, no sentido de se poder usá-lo, fazer parte dele na verdade, usufruir seus limites inexistentes. Se não conseguirmos dominá-lo seremos meras vítimas dele sem nem saber. Culparemos o acaso, a má sorte, a melhor sorte dos outros, a incompreensão, o instinto alheio e as forças mundanas de falta de iniciativa, ambição e vontade.

Este Poder deve me permitir estar dentro de um avião em missão crítica para a humanidade e ao mesmo tempo estar em tua casa, conversando calmamente contigo ou olhando um nascer do Sol totalmente alheio ao conflito existencial.

Este Poder deve me permitir falar pouco e dizer tudo, sorrir sem mexer os lábios, ouvir sem estar presente.

Tenho tentado dominá-lo, mas ainda me falta a fé em mim mesmo. Toda vez que tento eu mesmo me questiono se estou no caminho certo, se vou chegar lá e quando vou chegar. Esta ansiedade destrói minhas chances, me prende à terra, me coloca como espectador ao invés de ator e autor.

Não posso ter medo do que este Poder represente ou mesmo do que ele exija em pagamento. Voar e nunca mais aterrissar? Me afastar das crenças atuais que me dão alguma segurança?

Terei que ser corajoso, mesmo sabendo que não é preciso.

Afinal, se eu dominar este Poder, nada de REAL valor perderei.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Feriado! Acorda!

Feriado! Hora de se dar folga!

Hora de entender que o mundo que te cerca e te faz ficar feliz com feriados na verdade não existe. Não poderia existir! Pensa bem, um mundo onde as coisas, atos e fatos não estejam em harmonia, como manda a Natureza? Um mundo onde é preciso dormir para sonhar? Um mundo onde quando as pessoas acham que se entendem dá em casamento? Não, esse mundo não existe.

Acorda! Estavas sonhando até agora! Não me atrevo a te perguntar se foi bom ou não, mas como te acordei cedo bem no meio de um feriado, deves estar um pouco, digamos, chateado comigo.

Acorda e aproveita o feriado para sentir a Natureza, as vidas que te cercam, o ar, poluído ou não, que harmoniosamente faz teu corpo pulsar... sentir o tempo... sentir o pensamento... sentir o que fazes... fazer o que sentes...

E depois me conta como foi...nius

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pensamentos Soltos

Tenho lido sobre planos, dimensões, unicidades, forças cósmicas e galáticas, evoluções e transcedências. Tenho pensado e escrito sobre mergulhos, sonhos, vazios, nadas, estrelas e Forças. Mas meu Instinto me diz mais. Ou, na verdade, me diz "nada disso!". Meu instinto me encaminha para a Natureza, a Harmonia, o Pensar e a Razão. Mas não a razão da lógica, e sim a razão da continuidade, das coisas terem uma razão de ser.

Não me importa que este mundo em que hoje vivo seja um plano de um universo multi-dimensional e que mudar de planos seja por merecimento ou iluminação, ou que represente uma evolução.

Se existimos, há uma Razão de ser, uma Razão Natural, Divina ou Cósmica.

A idéia de que, se Deus existe, a mudança de planos, a evolução multi-dimensional, é um caminho para se estar mais perto dele não faz qualquer sentido, não tem nada de interior, é apenas uma pressão exterior que visa controlar o todo.

Me lembro mais jovem, bem mais jovem, passeando pelo Parque da Aclimação, bem cedo, antes das aulas começarem. Era uma ou duas voltas ao redor do lago, independente do clima (salvo em dia de chuva, porque detesto guarda-chuva), onde cada passo era permeado de sentir, meditar, me preencher de objetivos que ninguém pudesse cobrar. Quão mais perto do Todo eu poderia estar do que naquele momento, envolto nas brumas da manhã, ao redor de um lago, brincando de desviar os pés de folhas caídas e formigas madrugadoras?

E como era gostoso ver os outros perguntarem porque eu fazia isso todo dia de manhã e não precisar responder porque ninguém na verdade queria saber (ou quase ninguém; quem realmente queria já sabia o porquê). Não é saudosismo, é resgate.
Será esta é a Simplicidade que busco? É nesse passeio pelas brumas que vejo meu caminho multi-universal; virar à direita e estar em um outro lugar qualquer; virar à esquerda e voltar a qualquer lugar.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Dúvidas e Querências

Caminhos têm que ser descobertos?

Já sei sonhar, já tive a chance de ver o que há além da miopia hipermétrope de simplesmente olhar.

Me vi nesse sonho porque me libertei, temporariamente, das amarras, ou me libertei das amarras porque sonhei?

Não segui caminhos, simplesmente sonhei.

Como conquistar esse sonho, como ser parte mais fiel dele?

Como viver este sonho e usar as amarras como âncoras temporárias para visitar planetas quaisquer?

Não quero ser estrela, quero ser luz, ar, calor, amor... nem quero ser Sol, estrela cercana.

Quero viver no elo entre pisar na Terra e sonhar. Quero ser útil.

Terei que descobrir caminhos, ou simplesmente querer, ou simplesmente sonhar?

Sei que meu sonho existe, sei que é real.

domingo, 4 de julho de 2010

Mergulho

Pode-se mergulhar para dentro e ao mesmo tempo para cima, para os ares?

Falava outro dia de ter eu chegado à margem de um rio desconhecido (texto anterior, Duelo) e que agora havia chegado a hora de mergulhar... e o pensar, o refletir, o ler e escutar ainda são amarras que me prendem mas ao mesmo tempo me dão a possibilidade de me libertar. E estes atos coerentes e viciadamente racionais estão embaralhando meu ser, embrulhando meu existir e embalando minha imaginação.

E me pego lembrando de sonhos anteriores, onde as liberdades são incoerentemente totais; me pego exercitando minha imaginação por novas terras férteis, deixando correr solto a nulidade da real criatividade, onde as coisas e idéias se insinuam mas não tomam forma, uma criatividade que me empurra, como se não fosse minha.

E me imagino sem amarras e mergulho nesse rio desconhecido; mergulho pensando em achar uma água escura e gelada, esperando o primeiro impacto enquanto não estou nem na terra nem na água, mas nada do esperado acontece.

Mergulho num nada que me permite para sempre ficar, simplesmente nada ser. É como se flutuasse no ar, carregado por correntezas desconhecidas e ao mesmo tempo envolto pelas águas de um batismo ainda não declarado nem merecido.

Na verdade sou abençoado pelas Forças que me deixam sentir o porvir sem ainda merecer nele estar ou dele ser. E posso voltar ao meu viver normal, onde as coisas acontecem como eu esperava, para ainda deitado na minha cama, rever as sensações da viagem que acabei de fazer.

E, talvez, por me deixarem espiar um pouco deste existir, eu consiga mergulhar sem medo e a todos os mundos pertencer.

sábado, 26 de junho de 2010

Duelo

Um das coisas mais cansativas e ao mesmo tempo uma das coisas mais belas que eu já fiz foi um duelo comigo mesmo. Lembra um pouco os duelos de antigamente, aqueles pela honra ou por amor. Você tinha que escolher as armas, o local e o momento, já que o inimigo vinha de graça. Hoje tenho que escolher quais partes de mim vão se arriscar, quais armas vão usar, e quem será o juiz, já que nenhuma das partes pretende perder definitivamente.

Normalmente escolho o duelo entre a lógica e o ímpeto, entre a razão e o instinto, entre o bom senso e o prazer. São duelos razoavelmente fáceis onde consigo influenciar não só os resultados como as conseqüências, como se eu tivesse um supra-eu vigiando minha sobrevivência acima das rinhas das minhas partes.

Mas o duelo que se aproxima é muito mais forte que o supra-eu, mais desconhecido e mais definitivo. Mas, deixa eu te contar desde o princípio.

Tenho sempre me preocupado em não ser um cara normal, em evoluir, alcançar níveis mais altos de se ser. Tenho feito isso usando um misto de inteligência e sensibilidade, coerência e racionalidade. Sei que são misturas algumas vezes estranhas, mas acho que até agora vinha dando certo. Não tenho caído em armadilhas nem em soluções alheias ou preconcebidas mas esse caminho é de isolamento e constante atenção, não há porto amigo onde se possa descansar sem perder o caminho já conquistado. E, durante a vida, tenho me cansado, tenho parado em portos e tenho retrocedido para depois ter que me esforçar ainda mais em avançar.

E talvez eu tenha chegado ao ponto de estagnação; tenho a sensação de caminho cumprido, linha de chegada cruzada mas sem a plenitude da vitória. Me resta repetir o caminho, como uma nova missão, tentando percorrê-lo melhor ou entender que ainda não cheguei e que há mais pela frente.

Preferindo a última opção, por se mostrar mais divertida e desafiadora, tenho mergulhado em pensamentos, leituras e conversas siderais e tenho me bombardeado com palavras, opiniões e dúvidas para entender para onde deve apontar a proa da minha nau.

E é aí que começa minha dificuldade. Todos os caminhos, todas as placas, todos os mapas me indicam um caminho por demais desconhecido, por demais sem volta, por demais acima de tudo que aprendi e usei até agora. Toda minha segurança até agora vinha de olhar para passos anteriores e ver uma coerência, um progresso; mas na verdade eu não olhava para frente.

Minhas leituras e pensamentos agora me apontam que devo sair da casca, abandonar tudo que me protegia, tudo que aprendi. E que daqui prá frente não existe mais aprender, só absorver e expandir. Se isso fosse apenas um desafio, seria como mergulhar num rio desconhecido, seguindo meus amigos que pularam na frente, depois é nadar até a outra margem e rir junto com eles dos medrosos que ficaram do outro lado. Precisaria apenas de coragem ou temeridade.

Mas eu no fundo sei que ao mergulhar não adiantará olhar para trás pois não farei mais parte daquela margem. Todas as sensações serão novas, todos os aprendizados inúteis.

E eis que se apresenta o duelo definitivo, entre meu medo do desconhecido e minha vontade (necessidade até) de evoluir, absorver, expandir. Já sei, você vai falar que se eu estou em dúvida é porque não estou preparado! pode até ser verdade, mas não resolve minha situação. O fato é que cheguei até a margem...

sábado, 19 de junho de 2010

Momento de Supra-Existir

Caro Leitor
Existe um algo de perfeição, sintonia, magia até, que nos cerca e nos envolve mas dificilmente nos toca. São poucos os momentos em que nossa alma encosta nesse existir e poucos temos a sensibilidade de nos sabermos tocados. Alguns acham que é um momento de inspiração, outros o chamam de momento de genialidade, ou ainda um instante com deus.
Mas no fundo estes momentos são apenas chances que temos de conhecer este lado supremo do existir. E muitas vezes nem os reconhecemos. Precisamos ficar mais atentos, mais sensíveis, mais abertos a sermos abençoados.
Se prestar bem atenção notará que há aquele instante antes do todo, do apertar a tecla, tocar a corda, soprar o instrumento, que temos certeza que a nota sairá perfeita. Há aquele momento antes de proferirmos a palavra que sentimos o gosto de sua exatidão, profundidade, total capacidade de transmitir nosso êxtase interior.
É um momento de orgulho, satisfação, felicidade até. Nada ainda fizemos e tudo sairá perfeito!
Este é o momento em que nossa alma é tocada. Esta é nossa chance de nos deixarmos levar por este novo mundo mágico onde todo momento é fácil, todo som é puro, toda palavra é forte.
Basta se saber pequeno e se deixar levar.
Nos encontramos lá.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sementes do Escrever

E eu, meu caro leitor, continuo na busca sempre renovada de sementes do escrever. Confesso:  não sei escrever do nada! Preciso de algo que me provoque sem me inibir, preciso de sementes que eu possa transformar em textos e depois expô-los ao você e ficar no aguardo.

Devido à minha total falta de senso de autocrítica (o que é um alivio), fico na expectativa da sua reação, opinião ou simples manifestação. E se eu não conseguir lhe agradar com que escrevo, terei que aprender a melhor cuidar da terra ou a trocar de leitor.

Se bem que possa ser por muitas vezes frustrante não saber escrever guiado apenas pela vontade, a busca necessária de uma semente provoca em mim a necessidade de me expor, de conviver, de examinar e roubar o momento, a frase ou o pensamento de um alguém que me sirva na busca.

Mais frustrante ainda é quando a semente passa pela minha mente em momento impróprio, onde me falte a caneta e o papel ou a memória poética do instante escritor para depois compor.

E sem essa semente como poderei atingir meu já conhecido objetivo de escrever sem parar? Terei eu que aprender a escrever sem nada dizer? Escrever sem nada sentir? Enfileirar idéias e ir usando-as como pílulas bem dosadas de assuntos a preencherem obrigações contratuais de produzir textos?

Não sei se conseguiria! Sabe, eu gosto de escrever! Não vou estragar isso com truques e artimanhas!

E você, leitor, se gosta de me ler, terá duas grandes tarefas perenes pela frente: primeiramente, ter a paciência e a compreensão de que eu não cuspo texto e não perder a esperança de qualquer dia desses mais coisas terá para ler, e, segunda e mais importantemente, viva de forma a produzir lindas sementes para as minhas palavras. Me dê motivos para escrever.Exista com E maiúsculo.

Viu, acabei de escrever usando a falta de uma semente como semente. Será este o truque?

Sei lá, mas gostei! E desculpa se te usei!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Leiror Consumidor

Caro leitor, voltei! (rápido, né? O que será que aconteceu, ele não é de escrever duas vezes ao dia?)

 

É que estou aqui num vôo de ponte aérea, de São Paulo para o Rio, no final de uma tarde qualquer.

 

Sempre gostei de escrever e tenho um leve planejamento de vida onde me vejo escrevendo crônicas que me deixarão famoso, lido e rico.

 

Então faço um pouco de exercícios e leituras com olhar crítico (é uma delícia). E agora estava lendo a revista de bordo, bastante cheio de artigos assinados (não me darei ao direito de defini-las como crônicas) mas de uma falta de assunto assustador.

 

Se não, vejamos (que me perdoem os autores, mas considerem isso uma crítica de um leitor).

 

O primeiro que li, de um cara bastante famoso (pelo menos para mim) gastando uma página inteira, com direito a tradução para o inglês (ou seria versão, nunca sei!), falava e re-falava sobre calçadas, pessoas, filas e escadas rolantes, apenas para criticar porque as pessoas não são organizadas! Ele nunca entendeu que as pessoas não são organizadas por natureza. A organização é imposta através de autoridades, costumes e leis e visa apenas isso: organizar. Mas o meu caro autor cita os passeios pelos parques e calçadões como precisando serem organizados da mesma forma que ele acha que deve ser organizada a fila de uma caixa eletrônico! O que temos que entender é que não deveria haver a necessidade da organização ou da fila! Devemos re-aprender a viver no e do caos, como em algumas regiões remotas e em algumas mentes brilhantes.

 

O segundo, de um escritor provavelmente brasileiro,  cita um fato que ocorreu em Londres, deplorável (gastos exorbitantes em um jantar de executivos de um banco) e conta um pouco das punições (menos um que se arrependeu) e usa isso para falar não sei exatamente do quê. Com uma flora e fauna tão rica que é a brasileira, e com um folclore também recheado de monstros, qual o objetivo de escolher animais tão longínquos quanto os ingleses? Quer escrever e ensinar,  chegue perto do seu leitor e deixe ele sentir o cheiro da sua própria realidade.

 

O terceiro tenta cobrir a pergunta de como a internet mudou a vida de cada um. É até legal, coloca alguns exemplos, sempre estrangeiros, mas vale pela questão.  Nos faz pensar um pouco, é verdade, mas é um pensamento de constatação e não de criação. A pergunta poderia ser mais no tipo: já que existe uma internet, o que você faria com ela para que sua vida realmente mudasse?

 

Há ainda outros artigos, menos com cara de crônica ou opinião, mais com cara de reportagem e nem vou discuti-los pois o que eu queria era entender e entendi:

 

Precisamos mudar o nível do leitor!

 

Ele é o consumidor! Deveria ter um código de defesa do leitor! Que as pessoas escrevessem com objetivos claros e com o orgulho de terem escrito! Que escrevessem para os que querem ler, os que gostam de ler e os que gostariam de aprender a ler, de verdade.

 

E que se responsabilizassem pela qualidade do que escrevem.

 

Pensem nisso, por favor (e me digam se eu passaria imune por este código de defesa do leitor). Quero melhorar e sei que posso.

 

Silêncio Ambicionado

É, meu caro leitor, olhe eu aqui brincando de escrever de novo (e você de ler, espero). Quando se brinca com coisa séria tem-se um gostinho de aventura...

Mas o que quero escrever não é de aventura, é justamente ao contrário, de quietude. Estava conversando com um amigo o outro dia (ontem, seja lá quando for o seu ontem, leitor – mas querendo dar uma idéia do frescor das lembranças). E ele me contava que seu grande sonho de futuro é quietude e simplicidade, numa vida nada ambiciosa.

E aí que parece haver um problema: poucas pessoas aceitam as que não possuem ambição. E menos pessoas ainda conhecem o sentido da palavra ambição! Em nenhum momento é um sentido positivo! Sua origem, latina, quer dizer circular em busca de votos.  Outra maneira de ver é como desejo pelo poder.

Como então ser ambicioso pode ser algo bom? Se você deseja o poder, depois de conquistá-lo, o que fará? Exercerá este poder? E como compensar pelos custos que este conquistar causou? Se algo te custa, algo tem que ser ressarcido por alguém. Isto é que se chama exercer o poder: usá-lo para conseguir coisas e sentimentos que te demonstrem que valeu a pena. Isso me parece muito cansativo, trabalhoso e correndo o risco de não se conseguir o resultado esperado.

Agora pensemos na quietude. Todos os seus significados e sinônimos remetem à idéia de paz, tranqüilidade de espírito. E tenho certeza que já lhe disse antes, leitor meu, como conquistar esta paz de espírito (leia Dicas de Paz Interior – é sim, fui eu que escrevi para que fosse lido por você, leitor – e aproveita e lê mais, me faça famoso..).

Quietude é gratuito e assim não devemos nada a ninguém nem cobramos nada de ninguém. A quietude tem o dom do silêncio, do não responder de imediato, e este truque de escutar sem responder é muito difícil de se aprender. Mas quando se domina esta técnica aprendemos muito mais do que nos cerca... absorvemos sem sermos contagiados ou ensopados pelas energias alheias... passamos a entender melhor o todo de cada individuo.

E o mais gostoso é que sorrimos muito! A cada silêncio praticado, sorrimos de satisfação de nós mesmos. Quer melhor caminho para o futuro, onde nem será preciso sonhar?

Caro leitor, te vejo por aí e espero que leia meus textos no link acima, He He He (nada como uma propagandinha subliminar... se funcionasse...)

Beijos aos que queiram e abraços aos que precisam.

sábado, 10 de abril de 2010

Recado dos deuses

Caro Leitor, cara leitora,

Os deuses clamam por conclusividade!

Eles até que gostam de ver seus seres contemplarem as realidades e os devaneios, elaborarem teorias e filosofias que enaltecem o ser o humano e os faz crescer. Eles curtem o espírito acima da matéria, o espiritual, o lado nobre de se ser vivo.

Mas eles querem que aprendamos o porquê e o para quê de tudo isso! Eles querem conclusões, etapas seguintes, novas descobertas, novos horizontes!

Eles estão tão preocupados com este hábito humano de tecer teias ao redor de si mesmo que se reuniram e decidiram pedir que eu conversasse com você!

Não sei porque me escolheram, mas vamos lá! Pedido de deuses deve ser atendido... ainda me lembro de alguns castigos mitológicos que nos afligem até hoje...

O que eles querem dizer é que é muito importante sermos mais que máquinas em um processo evolutivo e que a gente se dedicar à alma, ao interior, ou seja lá o nome que queiramos dar, é muito bom! Eles aprovam, participam e aplaudem!

Mas o que os deixa preocupados é nossa capacidade de acreditar que exista um nirvana, ou pior ainda, que ao termos alcançado este estado, estamos com a tarefa cumprida. Eles estão cansados de ver seres humanos brilhantes atingirem níveis de consciência altíssimos e depois ficarem dando voltas ao redor de si mesmos, se chafurdando nas descobertas repetidas e na sensação de serem diferentes e mais excelsos que os demais.

Quando estes seres atingem este ponto eles se aproximam dos “inferiores” como se deuses fossem, unilateralmente, se dizendo perfeitos conhecedores da essência humana e se entristecem ao ver a distância que os separa dos demais. E os “inferiores” não conseguem mais enxergar a normalidade desses seres especiais e ora os chama de loucos ora nem liga para suas existências.

E aqui os deuses vêem dois erros crassos!

O primeiro é esses seres especiais acharem que são não “normais” e que têm o direito à distância. Na verdade esta distância é apenas medo de perder o conquistado, de se “normalizar”, de se esquecer o que é tranqüilidade de espírito. Quanto mais especial você for mais normal será! Não se distancie, não se vanglorie e principalmente não se vista de misticismo sem valor! Não invente nem siga palavras ou rótulos!

O segundo, objeto principal do recado dos deuses, é: não se contente, não se abrigue no seu círculo de conforto. Os caminhos a seguir são infinitos e todos levam a algum lugar. Se você realmente atingiu um nível que você considera especial (sem SE considerar especial), vá em frente! Conclua uma capítulo! Conclua uma vida ou um caminho!

Esta conclusividade clamada pelos deuses é fundamental! A meta não é ser especialista de alguma coisa e sim generalista de tudo e só seguindo em frente é que se consegue!

Você chegou a algum nível de conhecimento ou espiritualidade que lhe é novo? Ótimo, parabéns! E agora, vai ficar desfilando seu estado espiritual por quanto tempo?

Quando você vai virar aprendiz novamente?

Conclua, evolua, flua!

Recado dado!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Dependências Pendentes

Caro Aluno/Leitor

Como está? Faz tempo que não conversamos e sou capaz de apostar que você considerou isso como férias... coisa feia! Não fez nada? Não estudou, aprendeu ou ensinou? Enfim, não viveu?

Não faz mal, algumas pessoas são assim... precisam de empurrões, são dependentes...

E é esse mesmo o nosso assunto! Adivinha! Nenhuma idéia? Deixa prá lá, quem sabe no final você "adivinhe".

Mas a vida é feita de passos, viver é caminhar (talvez até correr).

Isso significa, meu caro aluno, que ficar parado é interromper a vida... (vou lhe contar um segredo, um medo horrível que eu tenho, quase um pesadelo: Tenho um medo horrível de parar de pensar, mesmo que seja por um momento, um instante de nada, seja meditando, fazendo preguiça ou mesmo dormindo... tenho medo de nunca mais voltar a pensar! Já imaginou? Paranóia, não é? Agora chega de segredos e voltemos ao formalismo da aula de hoje.)

Então, se ficar parado não é bom, temos que caminhar, dar passos, seguir em frente. 

E só existe um jeito de fazer isso direito! Sozinho! Passos seus, sejam certos ou errados. Nunca saberá antes de dá-los, portanto não tenha medos e receios que te deixem na dúvida... A experiência e a idade te darão o instinto de escolher melhor mas nunca lhe mostrarão o caminho certeiro! Se fosse diferente, a vida seria um tédio e seria melhor parar de caminhar mesmo...

Seja egoísta... ou não... Não é isso que significa passos só seus... você pode se sacrificar pelos outros, nenhum problema; você pode fazer o que não queria para agradar aos outros ou a algum amor, também nenhum problema. Desde que os passos sejam seus, inventados, desenhados e caminhados por você, você estará vivendo!

Mas em hipótese alguma caminhe os passos dos outros, sejam os passos que eles deram ou mesmo os que tiveram medo ou esperteza de não dar. Não pergunte, não peça que escolham por você, não transfira a outros a responsabilidade de desenhar o mapa do seu tesouro, não dependa dos outros para caminhar a sua vida (o negrito é uma dica para que você adivinhe o assunto da aula de hoje).

Aí, depois que você aprender o valor de seus próprios passos, passará para a segunda fase: não pise nos pés dos que sabem caminhar. Aprenda a não esperar dos outros os passos que porventura derem para então decidir os seus. Você corre o risco de esperar para sempre.

Vai vivendo, vai guardando as lembranças... se caminhos se cruzarem, se cumprimentem mas não parem... descubram se seus caminhos seguem a mesma trilha, sem que um queira seguir o outro, sem se apoiarem mutuamente. A verdadeira beleza de uma vida a dois, de uma amizade, de um companheirismo, ou de ter um irmão ou irmã é trilharem o mesmo caminho sem economizar nos passos, cada um aprendendo sua própria forma de ver o caminho.

Vá, ande, viva, cruze caminhos e sorria sempre, pois detesto cruzar os caminhos dos mal humorados.

Até a próxima e não se esqueça que estou sempre por aí.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Tênue Leveza do "Aceitar"

Viver é caminhar.

Algumas vezes até podemos escolher nossas trilhas, mas elas são curtas e temporárias. Há um caminho maior pela frente e temos que entender que não temos controle sobre suas subidas e descidas ou suas encruzilhadas.

Não estou falando de pré-determinismo ou destino... estou falando de desconhecimentos e interrelacionamentos.

Viver é caminhar e caminhos se cruzam, se somam, se atrapalham.

Este caminhar está cheio de descobertas e achados. Se são tesouros ou armadilhas, isso sim depende de como enxergamos nosso caminho.

As coisas nos acontecem, boas ou ruins, com ou sem nossa participação. 

O segredo está em se enxergar a tênue leveza do "aceitar".

As coisas que consideramos ruins ou más podem nos revoltar, nos angustiar e entristecer. Mas elas acontecem, e depois de acontecidas pouco podemos fazer para desacontecê-las.

Ao caminhar por uma floresta, sempre desconhecida como os passos por dar de uma vida, podemos pisar numa poça de lama escondida, sujar nossos pés e molhar nosso orgulho. 

Maldizer a poça? Negar o caminhar? Bater os pés no chão com toda a raiva do mundo como quem pode acabar com a lama espalhando-a por todo seu corpo?

Ou aceitar os pés molhados, guardar na memória da vida esta sensação, lembrar que há muitas outras poças pela frente e descobrir que há muito ainda a se caminhar?

Não devemos aceitar o evitável, o injusto e o mal proposital. Mas não podemos nos revoltar com as dificuldades de um caminho que, mesmo desconhecido, é só nosso.

Aceitar encerra o assunto mas não o aprendizado, foca nossas energias no passo que nos tira da lama, e abre nossas mentes para entender como fomos parar na poça.

Aceitar não é se conformar... Conformismo é parar de andar, se deixar ser empurrado, fechar os olhos e nada viver.

Aceitar é sorrir, desculpar o "destino", abraçar a vida e seguir em frente...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

SOBRE-VIVER

Meu caro leitor

Uma das coisas mais importantes de se ser vivo é ser capaz de sentir... sentir amor, dor, saudades, amizade... sentir o sol, a angústia, o vento, a idade, o sorriso alheio.

Mas se quisermos sair da pasmaceira de se ser vivo e depois morrer, sem ter contribuído, tendo apenas somado, temos que usar o dom de aprender com o que sentimos. Alguns chamam de evoluir, eu chamo de sobre-viver, viver acima da biologia e da ciência.

Qualquer coisa, fato ou invenção de nós mesmos que provocar uma sensação deve ser recebida, abraçada, tratada como uma nova namorada ou namorado. Devemos nos mostrar desconhecedores de seus detalhes, querer não perdê-la, querer mostrar a ela que somos especiais e querer também desfilar perante os outros mostrando nossa nova conquista.

Ao se viver uma sensação, por exemplo uma nova amizade, devemos abrir todos os nossos sentidos e percepções para aprender porque merecemos sentir, aprender como melhor sentir e aprender a guardar a lembrança do que sentimos.

Se fizermos assim, descobriremos que a vida não é monótona pois nenhuma sensação se repetirá já que a cada vez que ela voltar nós teremos mudado.

Se fizermos assim, descobriremos que a vida não é tristeza e sofrimento pois mesmo a cada sensação ruim e dolorosa aprendemos e crescemos. E, se aprendemos e crescemos, ficamos mais inteligentes e saberemos evitar as sensações de sofrimento e dor; não precisaremos ser o poeta que não sabe se finge ou se sente.

E cada sorriso visto ou recebido será um sorriso novo, virgem, à procura de um olhar que o capture como se fora o primeiro sorriso a existir. E o ser que sorri, mesmo que não saiba crescer, repetirá cada sorriso como se fosse o seu primeiro e este sorriso será cheio de vida e energia. E ganhamos nós, rodeados de sorrisos autênticos e mágicos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Viva a palavra, que não pode ser leiloada ou possuída.

Meus caros vocês

Hoje estou irritado! Vou parar de escrever! Escrever é por idéias, vidas, pensamentos, verdades e mentiras em forma de palavras. E essas palavras podem ser copiadas, enviadas, impressas, lidas e repetidas. Elas não valem nada por si só! Antigamente até tínhamos manuscritos, que poderiam valer uma fortuna depois de algumas centenas de anos. Mas hoje, não existe o objeto da escrita.

Já um quadro ou uma escultura são coisas únicas. Você pode fotografar, descrever e analisar mas o objeto continua sendo único. e é essa diferença que me revolta.

Feliz o tal de Alberto Giacometti, um escultor suiço que fez esta coisa aí abaixo:



Sem querer discutir o valor de se ser artista, teve um tal de senhor anônimo que comprou esta escultura pela bagatela de 104 milhões de dólares!

Não vou discutir o assunto do que se deveria fazer com este dinheiro, não vou entrar nas demagogias ou liberdades alheias.

O que me chama a atenção são alguns pontos que não são divulgados com veemência:
  • A escultura pertencia a um banco. Assim, quem ganhou dinheiro foi o banco e o leiloeiro.
  • Na verdade esta escultura não é única. O artista fez o molde e tirou pelo menos dez cópias.
  • Esta obra chama-se algo como "L'Homme qui marche I" e existe ainda a obra L'Homme qui marche II, também com várias cópias.
E além de tudo, é feia demais!

Irritação comentada, documentada. Mas não vão poder leiloar nem a caneta nem o papel marcado com a raiva do famoso escritor George ao se expressar sobre a venda da escultura!

Sejamos felizes, então, com o poder da palavra, sua volatilidade e imediata compreensão ou negação. Sejamos felizes então, com as armas das letras, palavras e frases que por si só nada trazem, mas embalam verdades e mentiras que têm a possibilidade de serem eternas.

Viva a palavra, que depois de proferida a todos pertence.

Que sejam felizes minhas palavras de hoje.

Obrigado por me ouvirem num sábado, onde nada ensinarei e nada quererei dizer além de um momento de mim mesmo.

 
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